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A Lei Geral de Proteção de Dados já está em vigor desde o ano passado, mas muitos desenvolvedores ainda não se baseiam nela para realizar seus trabalhos.

O surgimento de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial e Big Data, representa um avanço tecnológico significativo para a sociedade. Mas ainda que esses avanços possam ser usados de forma a nos beneficiar, trazendo melhorias e facilidades para o dia a dia, eles também podem ser usados de forma negativa.  

Cada vez mais comuns, as práticas que utilizam dados pessoais se tornaram gradativamente mais invasivas e discriminatórias, fortalecendo o debate sobre a necessidade de existir uma regulamentação dessas práticas.  

Por isso, e com influência da europeia GDPR (General Data Protection Regulation, ou Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados), foi sancionada no Brasil, em 2018, a Lei Geral de Proteção de Dados do Brasil (LGPD), que entrou em vigor em 18 de setembro de 2020 e com multas valendo a partir de agosto de 2021.  

A lei visa proteger os direitos de liberdade e de privacidade, e muda a forma de funcionamento e operações das organizações e governos, estabelecendo regras claras sobre coleta, armazenamento, tratamento e compartilhamento de dados pessoais, impondo um padrão mais elevado de proteção e penalidades significativas para o não cumprimento da norma.  

Além disso, ela cria um cenário de maior segurança jurídica ao padronizar práticas para a proteção dessas informações, levando em conta o consentimento e finalidade do uso dos dados coletados. A lei também entende por “dados pessoais” qualquer informação capaz de identificar ou tornar identificável uma pessoa.  

Mas como essa lei afeta programadores e desenvolvedores?  

Desenvolvedores e a LGPD  

A lei se aplica para qualquer tratamento (acesso, coleta, armazenamento etc.) a ser realizado com os dados pessoais coletados, envolvendo desde processos manuais em papel até o processamento digital de dados, seja por aplicativos, sites etc.  

E, dependendo do tipo de site ou software que está sendo desenvolvido, é necessário coletar informações para construí-lo e mantê-lo, utilizando programas e ferramentas para extrair dados e produzir relatórios. Muitas decisões são tomadas a partir de dados.  

Mas para isso, é preciso ter em mente que deve haver um porquê para a coleta desses dados, ou seja, ao se fazer a coleta é necessário que ela tenha um objetivo específico e justificável. Isso não significa que não se possa extrair os dados que desejar, mas apenas que eles devem apresentar uma finalidade.  

Outro ponto importante é o consentimento do usuário. O usuário deve sempre ser informado a respeito do fluxo de seus dados e de seus direitos sobre eles, e isso deve acontecer tanto no back-end quanto no front-end.  

Isso significa que, no front-end, o desenvolvedor precisa fornecer bons mecanismos de consentimento e controle do usuário, com aplicações que permitam o controle de configurações de consentimento, de usuário, conta e centros de privacidade. Além disso, a interface deve permitir que os usuários possam editar, corrigir, baixar e excluir seus dados.  

Já no back-end, o desenvolvedor deve impor o consentimento e a escolha do usuário, então, quando ele configurar uma conta pela primeira vez, ele deve ser capaz de utilizar configurações ideais de privacidade por padrão. Também é essencial, ao longo do desenvolvimento do back-end, que se garanta uma documentação com data e hora do consentimento do usuário, como ele foi dado e se foi retirado ou não.  

Além disso, quando se fala em proteção de dados por padrão, é necessário um desenvolvimento voltado para a minimização, seja coletando uma quantidade mínima de dados pessoais – somente os realmente necessários – ou não vinculando dados pessoais a outros grupos de dados armazenados em um único lugar e até mesmo removendo dados pessoais e de identificação.  

Outro fator ligado a privacidade, no aspecto do design do sistema, é que os dados pessoais não podem estar visíveis para todos, seja no back-end ou no front-end, além de ser imprescindível, por questões de segurança e privacidade, que os dados dos usuários estejam todos criptografados.  

E no cenário econômico atual, cada vez mais guiado e orientado por dados pessoais, integrar a proteção de dados aos processos tecnológicos e as demais áreas de uma empresa não apenas ajuda na adequação à LGPD – que é obrigatória – como também traz fidelização e até conquista clientes, por mostrar que há uma preocupação em proteger os dados pessoais que estão sob controle da empresa.  

 

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