Conceito que ditou o maior evento de inovação do mundo também deve definir nossas experiências diárias no futuro
Em março, durante o evento de tendências futuristas mais famoso do planeta – o SXSW – uma das mesas chamou a atenção ao desafiar nossa concepção do que é realidade.
Ao invés de interações reais e físicas, os apresentadores propagaram novas experiências de marcas, a partir de uma nova ideia, e de uma nova concepção do real, em que a inteligência artificial é uma aliada para novas interações com o mercado da beleza – a partir do case trazido pela empresa Perfect Corp – aplicativo voltado a orientar usuários sobre a melhor maquiagem para as suas peles, em busca de propagar um mercado mais inclusivo do ramo. A partir de tecnologia de inteligência artificial e realidade aumentada, o aplicativo faz diagnósticos sobre a pele a partir de fotos recebidas pelo celular.
A palavra-chave que possibilitou o impacto da mesa é o phygital, uma palavra que surge a partir da junção de physical(físico, em inglês), com digital. São situações em que o real não é apenas feito de concreto, e deve estar cada vez mais presente em experiências de marketing.
Phygital é o ideal para compreender que, ao final, não é sobre migrar a realidade para o virtual. Mas olhá-la de forma híbrida. E expansiva.
Um estudo contínuo da consultoria especializada em estratégia da inovação, Board of Inovation, busca acompanhar de que forma o mercado está se adaptando aos desafios impostos pela pandemia do Covid-19. Entre as mudanças, observa-se o fenômeno do Low Touch Economy”, em que os negócios adaptam-se a contextos em que diminui a interação física entre colaboradores e clientes.
A atenção para o fenômeno também acaba levando ao phygital – e que também acrescenta uma nova preocupação. Troca-se a ideia de transformação digital das empresas pela ideia de transformação dos clientes.
Em lojas, restaurantes, locais de prestação de serviço e eventos, encontramos aplicativos, dispositivos de realidade virtual ou mista, hologramas, sensores e outras ferramentas que nos inserem em situações que brincam com o digital.
Durante a pandemia do Covid-19, por exemplo, com o fechamento dos shoppings e do varejo, sobrou o e-commerce para as compras de roupas e sapatos. E o cliente que estivesse inseguro sobre o que usar não precisava entrar em pânico: muitos dos sites das principais lojas de calçado e vestuário do Brasil já contam com experiências de phygital, em que é possível “experimentar” peças de forma virtual. Basta conhecer as medidas, e os portais simulam uma réplica virtual do corpo do cliente; a partir disso, acontece a indicação do melhor modelo para as suas necessidades. Um provador virtual mas que, no fundo, é phygital.
Quem se responsabiliza pelo phygital?
Hoje, um profissional pode ser inserido na cultura do phygital de diversas formas, destacando-se aqueles que vão receber a missão de personalizar a experiência de usuários comuns, e aqueles que vão ajudar a reinventar negócios de empresas que não perdem as principais tendências da transformação digital – ou, da transformação do cliente. Aqui, startups de tecnologia e desenvolvedores especializados em machine learning assumem papeis relevantes para novos empreendimentos em phygital.