Aquecimento do mercado de TI deixa de lado uma possível disputa de duas gerações e times só devem se beneficiar com as trocas de experiências
Recentemente, assistimos a uma nova, e bem-humorada, disputa na internet: o conflito entre gerações, representado pelo meme do cringe – pessoa que, para os mais novos, provoca um sentimento de vergonha alheia ou de que estão diante de alguém ultrapassado. A discussão tomou proporções tão grandes que nos leva a pensar como isso pode chegar ao mercado, principalmente para as empresas que estão em busca de desenvolvedores full stack.
Se o meme é de agora, a preocupação sobre os conflitos geracionais já chama a atenção de especialistas há algum tempo, sobretudo no mercado de trabalho – o que alcança, inevitavelmente, a área de desenvolvedores full stack e outros profissionais de TI.
Em 2020, o relatório Workplace Trends: Gen Z vs. Millennials vs. Baby Boomers buscou fazer um perfil dos grupos etários dos Baby Boomers(56 a 65 anos), Millenial (26 a 25) e Geração Z(18 a 25 anos). Organizado pela Comparably, consultoria especializada em análise de mercado e cultura organizacional, o estudo contou com entrevistas a profissionais de algumas das principais empresas do mundo – principalmente na área da tecnologia -, tais como Amazon, Uber, Netflix, entre outras.
Os resultados podem ser importantes para entender melhor como cada grupo etário pode ser abordado para uma entrevista de emprego. No relatório, por exemplo, ao serem questionados sobre a importância do aumento de salário ao invés da promoção de título dentro de uma empresa, profissionais da Geração Z e Millennial concordaram em boa parte dos casos, assim como os Boomers. Mas se os mais velhos são inseguros para pedir aumento, as duas gerações mais novas também já se sentem mais confiantes.
Outro ponto que chama a atenção é sobre o valor que as gerações mais novas esperam em relação às empresas. Dos Millenials, 44% afirmaram que aceitariam ganhar menos para terem acesso a um emprego cuja missão social fosse mais importante, destacando-se como o grupo mais engajado. Em relação à vida profissional e pessoal, tanto a Geração Z e os Millenials convergiram sobre a importância do equilíbrio do trabalho e da vida pessoal. Assim como as duas gerações também concordam que querem ter seus próprios negócios no futuro – e, aqui, podemos pensar no aumento do fenômeno de pessoas mais interessadas em investir na marca pessoal do que estarem necessariamente atreladas a apenas uma empresa.
Por fim, a Geração Z se destaca por acreditar que a tecnologia pode superar o risco do famoso medo da perda de empregos por robôs. Para 58% dos entrevistados na faixa etária, esse temor não existe.
Dev Full Stacks diferentes, trocas valiosas
Geração Z e Millenials acabam encontrando mais pontos comuns do que divergentes, e a presença das duas gerações pode render trocas muito importantes – principalmente em um time de dev full stacks.
Em uma pesquisa da Deloitte, os números só indicaram a importância das duas gerações em momentos de crise – como o da pandemia, foco do estudo. Nele, a famosa consultoria de mercado concluiu que a lealdade e a capacidade reinventar-se foram dois pontos fundamentais para que profissionais dessas faixas etárias fossem decisivos para o bom andamentos dos negócios.
Na pesquisa, os entrevistados destacaram a importância dos negócios em que atuam para a comunidade, e como valorizam tomadas de decisão profissionais com propósito. 51% dos millennials afirmam que os negócios são potências para o bem da sociedade. E são leais aos seus empregadores: apenas 31% imagina que vai trocar de empresa daqui cinco anos. O número aumenta na geração Z – 50% ainda pretende migrar de trabalho daqui cinco anos, mas o índice é menor comparado a um estudo anterior da Deloitte, em que 61% queria mudar – isso antes da pandemia, em 2019.
Na área da tecnologia, ter duas gerações que conversam tanto – mas ainda assim apresentam algumas diferenças – pode ser decisiva para um time mais criativo e dinâmico.
A partir das definições da consultoria McKinsey sobre o tema, podemos encontrar pontos positivos nas duas gerações. Millenials ainda são mais idealistas e prezam por trabalhos com valor, sendo questionadores e com uma visão global e conectada. A Geração Z também tem seus ideais, mas é mais flexível para mudanças em prol dos seus objetivos profissionais, também destacando-se pela hiperconectividade e a capacidade de enfrentar diversas situações complexas, e ao mesmo tempo. Mas a lealdade e a resiliência em comum podem ser positivas para um mercado de TI em constante mudança – e que tem tudo para absorver as duas gerações.
E você: é um desenvolvedor full stack cringe ou millenial? Comente com a gente e conte o que acha das principais diferenças e semelhanças entre as duas gerações.